segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Frank Muller

Quem não se lembra daquela velha anedota em que o puto entra no talho e diz “ Sr. Manuel quero 100 escudos de carne para o cão.... mas da boa, porque da última vez o meu pai sentiu-se mal” ?
Isto serve para caricaturar o país que vivemos, ou seja, não só vivemos acima das nossas possibilidades, mas em alguns casos, gostamos de demonstrar que vivemos. O “desgraçado” que “só” vive acima das suas possibilidades porque quis uma casa com mais uma assoalhada, que tem um plasma e um home-cinema de último grito, uns electrodomésticos tipo hotel 5 * etc., etc. e que, por isso, 90% do seu rendimento é para pagar as várias prestações das dívidas, não demonstra no seu dia a dia que vive acima das suas possibilidades. Pode gabar-se no emprego, mas à primeira vista não demonstra. Depois há os outros, aqueles que, para além de tudo o que foi dito antes, têm que demonstrar para o “exterior”... são os que compram (com os restantes 10% do rendimento) pólos com crocodilos com medo da água, que à primeira lavagem o pólo sai da máquina sem o “bicho”...têm o carro “turbo” (ou “turbulento”) , os óculos Prada da Feira de Carcavelos, o Rolex (ou Lolex) de ouro (ou dourado)....etc etc. Confesso que embirro mais com estes que com os primeiros.

Acho que tudo é uma questão de prioridades na vida. Eu se tiver dinheiro e me apetecer comprar a Lacoste, compro, mas compro a verdadeira com crocodilos que gostam da água...como deve ser (mas se tiver que escolher entre o polo e livros e DVD's, não compro o polo). Prefiro gastar dinheiro a viajar que a comprar Rolexs em ouro ( para além de que fica mais barato) etc. etc.
Há uns dias, um grande amigo esteve na China . Quando chegou ofereceu-me algo fantástico: um relógio Frank Muller. Eu que não percebo nada de relógios, vim a saber que o Frank Muller mais barato custa mais de 10.000 € (valor que eu jamais, em tempo algum, gastaria num relógio). Aquele que o meu amigo me ofereceu, e segundo as suas próprias palavras, é tão perfeito que até parece verdadeiro.

Agora, estou no dilema, ou me “transformo” num daqueles “profissionais” da Feira de Carcavelos que acabo de criticar e uso o relógio, ou faço infeliz o meu amigo e não o uso. Para já resolvi o problema: só uso o Frank Muller quando sei que vou estar com o meu amigo...

4 comentários:

Flávio disse...

Viva! Estava a dizer que sou extremamente cauteloso no que respeita aos gastos, mas, mesmo assim, o dinheiro nunca dura muito tempo na minha mão. Nem pensar em relógios de luxo, roupas caras ou telemóveis de x geração. Ao invés, gasto a maior parte do meu dinheiro em livros e DVDs. Cinema, sempre às segundas por causa do desconto. Uma ou duas vezes por ano, faço também a indispensável viagem ao estrangeiro, sempre muito bem planeada. Mainada.

Nuno disse...

Nem mais Flávio, é como digo, tudo é uma quetão de prioridades, e as tuas parecem-me muito bem.
Tens é que ir à Madeira...
Abraço

Flávio disse...

lol Eu estou a viver na Madeira, a minha terra de nascimento. Estive alguns anos em Lisboa (a tirar uma segunda licenciatura, em francês e alemão), mas ganhei juizo e voltei em Janeiro deste ano ao Funchal. Foi a coisa mais sensata que fiz na vida, só é pena a reduzida oferta cinematográfica que temos por cá. Mas pronto.

Nuno disse...

Então somos conterrâneos, só que eu não tive o juizo que tu tiveste e fiquei por cá...já lá vão mais de 30 anos. Sempre tenho mais oferta cinematográfica. Mas pronto.